“Sou demais para quem me ama.” Poucas frases carregam tanta densidade afetiva, culpa e desejo condensados em tão pouca linguagem. A sensação de ser um fardo não é um sintoma trivial; ela denuncia um núcleo profundo de autoimagem corroída, onde o sujeito não se reconhece como merecedor de cuidado, mas como uma espécie de excesso danoso — algo a ser tolerado, no limite, suportado.
Essa fantasia não é racional, embora possa se disfarçar de realismo. Trata-se de uma construção afetiva inconsciente, muitas vezes enraizada em experiências precoces de rejeição, negligência emocional ou amor condicional. Quando a criança aprende que seu afeto incomoda, que sua presença exige demais, que seu sofrimento é inconveniente, ela incorpora o amor como algo que se paga caro — e que, portanto, nunca é de graça. Assim, internaliza a ideia de que amar é exigir demais dos outros, e ser amado é correr o risco de esgotá-los.
1. A culpa como forma de controle
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